Imóvel na Avenida Eduardo Elias Zahran está disponível para aluguel ou venda. (Foto: Marcos Maluf)

No Bairro Carandá Bosque, em Campo Grande, imóvel de alto padrão exibe cinco placas de “vende-se” e “aluga-se” na fachada. A cena é sintomática de um mercado imobiliário paralisado. Desta forma, de Norte a Sul, de Leste a Oeste, as placas se espalham e dão a impressão de que “a cidade está à venda”.

No Carandá, bairro localizado na região urbana do Prosa, um festival de vendas acontece ao longo da Rua Vitório Zeolla. As placas ofertam casas, pontos comerciais, oficina mecânica e galeria.

Pelos quatro quilômetros da Avenida Eduardo Elias Zahran, entre as rotatórias da Rua Joaquim Murtinho e Avenida Costa e Silva, dezenas de placas de “vende-se” e “aluga-se” surgem no caminho. O perfil é principalmente de imóveis comerciais.

“Na realidade, não é que houve mais oferta, mas menor procura”, afirma o corretor Airton Alves Pinto, da Airton Imóveis. De acordo com ele, os imóveis ficam mais tempo à venda, portanto é placa atrás de placa espalhada por Campo Grande.

No Carandá Bosque, imóvel tem várias placas na grade para venda ou aluguel. (Foto: Marcos Maluf)

Para Airton, só está comprando imóvel quem realmente precisa de uma moradia. Já quem é construtor ou tem dinheiro para investir pisou no freio, fruto também de querer ver o desenrolar da economia no novo governo federal. “O investidor está bem tímido, bem cauteloso”, avalia.

No caso da Avenida Zahran, o trânsito também dificulta o aluguel dos imóveis comerciais, devido à falta de estacionamento e retorno viário. No setor imobiliário, as compras online ainda resultam na migração das lojas para pontos mais afastados das áreas comerciais “tradicionais”.

O segmento de alugueis, por sua vez, teve como salvação Ribas do Rio Pardo, a 103 km de Campo Grande. Com a falta de moradias na cidade vizinha, onde é construída a fábrica de celulose, a Capital se tornou dormitório para os trabalhadores.

O Creci (Conselho Regional de Corretores de Imóveis) avalia que o mercado segue aquecido.  “O mercado imobiliário segue aquecido e com a cartela de imóveis dentro da normalidade. As placas são estratégia de venda, que podem ser ou não utilizadas no anúncio de imóveis”, afirma Eli Rodrigues, presidente do conselho.

Ponto comercial à venda no Bairro Carandá Bosque. (Foto: Marcos Maluf)

Para o Sindimóveis (Sindicato dos Corretores de Imóveis de Mato Grosso do Sul), houve aumento da oferta de imóveis devido à verticalização, com as pessoas migrando para apartamentos.

“O perfil do cliente mudou e a verticalização trouxe a melhor ocupação de áreas, tudo com a devida permissão da nossa legislação. Isso acontece devido ao crescimento e expansão da cidade, a necessidade de mais qualidade de vida e a procura por mais segurança”, afirma a presidente do sindicato, Luciana de Almeida.

Gigantes à deriva – No Centro de Campo Grande, a realidade é de muitos imóveis comerciais sem uso. Locais que já foram clubes, lojas, casas noturnas, restaurantes e bancos agora são milhares de metros quadrados vazios.

O local recebeu investimentos no programa Reviva Campo Grande.  Primeiro, a Rua 14 de Julho, principal corredor comercial, foi revitalizada e entregue de “cara nova” em 29 de novembro de 2019.

Os trabalhos foram em 1,4 quilômetro da via, entre as avenidas Fernando Corrêa da Costa e Mato Grosso, com recursos de R$ 49,2 milhões, financiados pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento).

Na segunda etapa, o Reviva contemplou toda a extensão da Rui Barbosa, Cândido Mariano, 13 de Maio e o entorno da antiga estação rodoviária.

Presidente da CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas), Adelaido Vila traça uma linha do tempo para ilustrar que o Centro foi perdendo “apelos” ao longo dos anos. Como o fim do transporte ferroviário, a desativação da rodoviária (que garantia muita circulação de pessoas) e, mais recentemente, o fim do chamado público bancarizado.

“Com a pandemia, perdemos o público bancarizado, As pessoas não vão mais ao banco, resolvem tudo por Pix. Veja, são perdas bastante significativas de público”, afirma Adelaido.

Imóvel com placa de aluga-se na Avenida Eduardo Elias Zahran. (Foto: Marcos Maluf)

Os valores dos alugueis também expulsam os comerciantes do Centro. “Os imóveis ali estão com valores estratosféricos. Muitos são administrados por espólios e os donos moram em São Paulo, em grandes centros. Não conhecem a nossa realidade mercadológica”, enfatiza o presidente da CDL.

Na Afonso Pena, imóvel onde funcionava agência bancária está disponível para aluguel. A área é 1,2 mil metros quadrados, contendo duas salas e três banheiros, além do estacionamento.

Na Afonso Pena, imóvel onde funcionava agência bancária está disponível para aluguel. (Foto: Henrique Kawaminami)

Adelaido também é titular da Sidagro (Secretaria Municipal de Inovação, Desenvolvimento Econômico e Agronegócio) e destaca que há projetos para que o Centro seja opção de moradia. As funções na secretaria e na CDL são cumulativas porque a presidência da câmara não é atividade remunerada.

Para o presidente do Creci, faltam políticas públicas para a região central. “O Centro é uma ótima opção para se morar, pois é uma ótima localização com uma média de valor muito boa, muitas vezes parecida com a dos bairros. O que tem afastado as pessoas de morar no centro é a falta de segurança. São necessárias políticas públicas voltadas para o centro, para povoar a região”, diz Eli Rodrigues.

Notícia retirada do site: https://www.campograndenews.com.br/cidades/capital/cidade-a-venda-placas-tomam-bairros-apos-paralisia-na-procura-por-imoveis

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